quarta-feira, 31 de março de 2021

K.Leio: as mais importantes mulheres da nossa vida

 


Textos dos alunos do Clube K.Leio/12º F sobre mulheres de relevo nas suas próprias famílias. Um desafio da professora Fátima Lopes (disciplina de História).

De todas as vezes que penso no esforço e luta que a minha mãe já passou, tudo para disponibilizar aos seus filhos uma vida incansável de felicidade e alegria, percebo que nunca serei capaz de retribuir o tanto amor que me deu.

Há cerca de um ano percebi realmente o quão dura pode ser a vida, e a minha sem a minha mãe, definitivamente não seria exceção.

No início desta pandemia, a minha mãe foi das primeiras a contrair a doença, o que resultou em ter ficado cerca de dois meses isolada. Na altura estávamos todos em casa, mas nunca imaginei que me ia sentir tão distante e sentir tanta falta do carinho e amor a que me acostumei. Durante esses dois meses tivemos de lidar com a perda do meu avô, que passou o seu último mês fechado num quarto de hospital. Não foi fácil para nenhum de nós, como é óbvio, mas não sou capaz de imaginar a dor que é estar isolada da família e ter de lidar com a morte do seu pai longe de todos os que ama.

A mim doeu-me olhar para a minha mãe, percebendo que era uma fase tão difícil para ela, mas mesmo assim ser capaz de pôr um sorriso na sua cara e confortar-nos, espalhando a sua positividade para todos e dizendo que dali a nada já estava curada e podíamos estar todos juntos outra vez, e assim foi.

Não imagino a minha vida sem a minha heroína por perto, mas sei bem que não é eterna.

Desde então que aprendi a valorizar cada momento que tenho, não só com a mulher mais poderosa que conheço, mas com todas as pessoas às quais pretendo eternizar, pois são as memórias e os momentos vividos que me farão relembrar para sempre o que a minha mãe é e fez por mim, pois esses sim, são eternos.

terça-feira, 30 de março de 2021

K.Leio: as mais importantes mulheres da nossa vida

 


Textos dos alunos do Clube K.Leio/12º F sobre mulheres de relevo nas suas próprias famílias. Um desafio da professora Fátima Lopes (disciplina de História).

O dia da mulher é uma celebração de todas as mulheres, estejam elas connosco hoje ou não. Embora nunca tenha conhecido a minha avó materna, Custódia, posso afirmar com toda a certeza que ela é e sempre será umas das minhas maiores inspirações.

Mesmo nunca a tendo conhecido, sinto-me como se tivesse. Todas as histórias que ouço acerca da vida fazem com que eu sinta que ela está comigo todos os dias. Isso é algo que me motiva a dar o melhor de mim, para que eu possa ser alguém que traria orgulho à minha avó.

Uma das razões pela qual a minha avó é uma das minhas maiores inspirações, tanto como pessoa como mulher, é o quão ambiciosa e destemida ela era. Quando era ainda jovem, com cerca de vinte anos, a minha avó saiu de casa e mudou-se para Lisboa, em busca de algo para além da vida simples em Areosa. Parece-me a mim que nem ela sabia bem o que procurava, mas não viu isso como um obstáculo e sim como um dos muitos desafios que enfrentou ao longo da sua vida. Se eu estivesse no lugar da minha avó, não teria tido coragem de encarar a incerteza do mundo tão despreocupadamente e provavelmente não teria deixado a segurança de um local que já conhecia para explorar o desconhecido. A minha avó sempre foi alguém que vivia no presente, não pensando muito além do momento em que vivia e não se focando nos arrependimentos do passado e isso é algo que admiro muito.

Lisboa acabou por não ser o local certo para a minha avó, por isso ela voltou para Areosa. Creio que se ela não tal tivesse feito, não estaria cá eu hoje para contar a história dela.

Todos os dias tento ser tão ousada, alegre e confiante como foi a minha avó, para conseguir controlar a minha vida em vez de deixar que a vida me controle a mim.

sexta-feira, 19 de março de 2021

K.Leio: as mais importantes mulheres da nossa vida


Textos dos alunos do Clube K.Leio/12º F sobre mulheres de relevo nas suas próprias famílias. Um desafio da professora Fátima Lopes (disciplina de História).

Dia da Mulher

Diz-se por aí que a Mulher é a obra prima da criação, enquanto filha de uma grande Mulher assino por baixo.

Há quinhentos e quatro meses atrás, nasce aquela que viria a ser o meu grande modelo guia neste mundo de “Ser Mulher”. A ela, que já passou por vários episódios menos bons, desejo que saiba, assim como todas as mulheres que não precisa de textos de “enaltecimento” para ter noção do poder que tem em si mesma. Contudo, nada melhor do que fazer esse mesmo texto de “enaltecimento” à mulher mais persistente que alguma vez tive o prazer de conhecer.

A minha Mãe, aquela que consegue ler o meu silêncio e adivinhar o que sinto; aquela que teve uma infância atribulada entre hospitais, escola e trabalho.

Desde pequena que oiço a minha mãe a falar de têxteis, uma palavra esquisita e difícil na altura, achava eu. Com o passar dos anos entendi o conceito da palavra. Entendi que era o grande amor da vida dela. Ouvir a minha mãe a contar todo o processo de fazer uma simples camisola e ver o brilho no olhar dela era simplesmente incrível. Aos 16 anos, a minha mãe teve o poder de descobrir o que queria fazer para sempre.

Atualmente trabalha noutro ramo, mas é incrível como nunca esqueceu o seu primeiro amor, tão incrível que quase tem um ateliê em casa.

Com o passar dos anos foram aparecendo outros primeiros amores, como ela me diz “Tantos primeiros amores que resultaram no nosso núcleo”.

Aquele abril que aconteceu na vida da minha mãe, aconteceu só em setembro na minha, por escolha dela. Foi naquele momento que tive o prazer de compreender o quão persistente a minha mãe conseguia ser, foi ali que senti o quão forte é preciso ser para chegar ao patamar de “Mulher”.

Daquele mesmo abril até aos dias de hoje que a minha mãe refere que tem uma missão. Missão esta que será concretizada se “Confiarmos no tempo da vida”.

Esta frase, “Confiar no tempo da vida” lembro-me dela desde sempre e associo constantemente à Mulher que é a minha mãe. Toda a vida da minha mãe se resume agora àquela pequena frase e eu, não poderia ter mais orgulho dentro de mim enquanto filha.

Para finalizar, acho que nunca me senti tão nervosa a redigir um texto, talvez porque nunca refleti o suficiente em todos os feitos que a minha mãe atingiu.

A ti mãe, quero que saibas que toda a tua existência é, por si só um enorme ato de amor e por isso serei eternamente grata.


 

quinta-feira, 18 de março de 2021

K.Leio: as mais importantes mulheres da nossa vida

 

Textos dos alunos do Clube K.Leio/12º F sobre mulheres de relevo nas suas próprias famílias. Um desafio da professora Fátima Lopes (disciplina de História).

Numa tarde muito especial de verão, uma mulher deu à luz. Foi nessa mesma tarde que nasci eu e a minha infinita admiração pela minha mãe. Assim como todas as figuras maternas, a minha sempre foi o centro do meu universo. Cartas, beijos, palavras, nunca foram nem nunca serão suficientes para expressar tudo que ela é aos meus olhos. Por isso, para além de uma apreciação enquanto minha mãe, vou prezá-la pela grande mulher que é.

Determinada, trabalhadora e humilde. Teimosa, instável e imprudente. Ao longo dos anos, vejo-a e aprendo um pouco mais. Aprendo que nem sempre está certa, que nem todos os dias são bons dias e que não tem todas as soluções. Assustador no início, deixarmos de ver os nossos pais como perfeitos, infalíveis e indestrutíveis. Até que chega a nossa própria altura de falhar. Sentimos o peso da palavra “desculpa”, a força que é precisa para superar maus dias e a coragem necessária para acreditar mesmo não sabendo o que nos espera. E é essa a beleza da minha mãe. O facto de ela não servir sempre de exemplo, mas ser a minha constante inspiração.

E hoje, é um facto indubitável que o meu conceito do que significa ser mulher, foi em grande parte influenciado por ela.

Ser mulher é ser forte mesmo quando nos são impostos limites, é gritar quando nos tentam silenciar, é darmos um pouco mais de nós mesmo na exaustão, é poder ser sensível sem que signifique que somos fracas. Ser mulher é ser extraordinária.

Para finalizar esta pequena glorificação à mulher mais importante da minha vida, quero agradecer-lhe por ser a maior razão pela qual me orgulho de ser mulher. Por ter fome de anunciar ao mundo tudo o que somos capazes. Por me ter ensinado a acreditar em mim e nas minhas capacidades.

É por causa de heroínas como a minha mãe, que o mundo está e continuará a evoluir.

quarta-feira, 17 de março de 2021

K.Leio: as mais importantes mulheres da nossa vida

 


Textos dos alunos do Clube K.Leio/12º F sobre mulheres de relevo nas suas próprias famílias. Um desafio da professora Fátima Lopes (disciplina de História).

Dia 8 de março, um dia tão importante! Um dia que merecia ter mais valor do que aquilo que tem.

Várias mulheres, durante a história, lutaram e continuam a lutar, até aos dias de hoje, pelos seus direitos e por serem reconhecidas pela diferença que fazem no mundo. Desde sempre, a mulher tem sido tratada como alguém insignificante, fraco e sem importância e não imagino o sentimento de impotência que cada uma dessas mulheres sentirá ao ser desconsiderada!

Pretendo com este texto, falar sobre uma mulher que, pode não ter tido uma vida destacada ou não ter feito um marco na história, mas é alguém que eu admiro muito, por tudo o que ela fez e ainda continua a fazer. Essa mulher chama-se Dulcínia Branco.

 Nascida a 26 de outubro de 1945, em Cinfães, viveu em vários sítios do país e, atualmente, vive em Vila Nova de Gaia. A minha avó teve uma vida normal, como todas as outras mulheres do seu tempo, mas hoje, e é por isso que estou a escrever este texto, ela com 76 e com os problemas de saúde próprios da sua idade, trata do meu avô sozinha, de uma forma exaustiva e é por isso que eu a admiro. O meu avô não consegue andar, nem comer sem ajuda, está numa cadeira de rodas. Por esta razão, valorizo a minha avó como mulher, como alguém forte, importante e com o papel fundamental na família. Vejo nela um bom exemplo a seguir! Alguém que me inspira a ser igual a ela, com a sua força de vontade e bondade. Uma pessoa que crê no ser humano e não desiste, mesmo cansada.

Concluindo, quero realçar que a importância da mulher não se baseia só em saber cozinhar e fazer as lides domésticas. A mulher é um ser humano com capacidades excecionais, capaz de fazer tudo o que um homem faz e até melhor. Tenho muito orgulho em ser mulher e vou lutar para que a igualdade entre géneros se torne justa e verdadeira.


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terça-feira, 16 de março de 2021

K.Leio: as mais importantes mulheres da nossa vida

 


Textos dos alunos do Clube K.Leio/12º F sobre mulheres de relevo nas suas próprias famílias. Um desafio da professora Fátima Lopes (disciplina de História).

Falei com a minha mãe acerca deste trabalho, perguntei se tinha alguma história que achasse interessante e que ao mesmo tempo representasse o seu poder feminino, sem hesitar respondeu-me que o acontecimento mais relevante da sua vida foi de facto ser mãe. E é por isso que vou expor uma pequeníssima parte de todo o orgulho que lhe detenho.

É na nossa infância que somos apresentados ao tema de heróis/ídolos, e sendo rapaz sei que muitos desses passam por personagens fictícias cujo objetivo é salvar o mundo arrecadando a fama e confiança da população. Porque herói num filme ou conto é sinónimo de protagonismo, de reconhecimento. No entanto, é interessantíssimo como esta ideia se opõe à heroína que é a minha mãe, cujo principal objetivo é pôr todo o protagonismo tanto em mim como no meu irmão aceitando como recompensa um simples sorriso.

Em 2009 a separação dos meus pais foi inevitável e conduziu a uma rutura de relação entre a minha família e o meu pai, como era de esperar. Na altura com apenas 6 anos, o ocorrido passou-me um pouco ao lado, gerando apenas alguma confusão, no entanto o sofrimento da minha mãe era visível por qualquer idade. A verdade é que momentos de dor são as principais memórias que queremos apagar e por isso não consigo entrar em pormenores e explicar as razões que tornaram este divórcio tão indigno. O contacto com o meu pai foi cada vez menos até se tornar nulo, e todas as ajudas proporcionadas por ele tomaram o mesmo rumo. Destroçada, com dois filhos dependentes e com a pressão económica a aumentar fomos obrigados a mudar de casa três vezes. Contudo mudar de casa não foi a única solução que lhe ocorreu pois o dinheiro começava a não ser suficiente, surgindo assim a hipótese de aumentar a carga horária. Com o passar dos anos, até hoje, cada vez menos via a minha mãe, pois sai de manhã e volta à noite para que de facto nunca nos saia o sorriso da cara que tanto a completa.

E este é apenas um resumo do porquê a minha mãe não só é a melhor mãe do mundo como também a mulher mais forte que eu conheço. E sei que nada a consegue fazer descansar enquanto o meu sorriso e o do meu irmão se tornarem eternos.

 


segunda-feira, 15 de março de 2021

K.Leio: as mais importantes mulheres da nossa vida

 


Textos dos alunos do Clube K.Leio/12º F sobre mulheres de relevo nas suas próprias famílias. Um desafio da professora Fátima Lopes (disciplina de História).

Há coisas dificílimas de fazer, uma delas é esta mesmo; escrever sobre as mulheres, principalmente sobre a mulher que nos dá a vida. Não sabemos onde ir buscar adjetivos nem formas de a elogiar, porque para nós nada se compara às nossas mães.

A minha mãe é sem dúvida a melhor do mundo e quando se separou do meu pai deu-me a maior prova de amor que alguém pode dar. Nasci no seio de uma junção de famílias de tal maneira espetacular que me custa até trazê-las para as palavras.

Desde sempre a minha mãe foi o pilar e quando era criança não a largava para nada, fazíamos tudo juntos; levava-me à escola, à catequese, íamos ao parque brincar aos domingos, passávamos a manhã de sábado na cama a ver televisão. Mas tudo isso teve um fim quando com oito anos os meus pais se separaram, depois de oito anos de casamento tudo caiu, como se de uma demolição se tratasse. Numa noite a minha mãe foi-se embora com tudo dentro do carro e deixou-me com o meu pai e tudo isso para eu puder ficar em Lanhelas na terra onde nasci e fui criado e não ter de me mudar para um contexto completamente diferente. A minha mãe viveu infeliz e com culpa, mas tudo para eu puder ser feliz, no sítio onde fui, sou e sempre o serei. Por isso sei e digo que a minha mãe é a melhor do mundo, pode ser só do meu mundo, mas é a melhor. É nestes momentos que podemos ver o quanto as mães amam os seus filhos ao ponto de estarem mal com elas mesmas para nós filhos termos uma vida alegre e feliz, são capazes de ao atravessar um rio cheio de correntes variadas e perigosas colocarem às costas o seu mundo para não nos afogarmos.

O Dia da Mulher não é só dia 8 de março, o Dia da Mulher é todos os dias, pois elas com força extrema, e por vezes redobrada, ultrapassam dificuldades que para nós homens são impensáveis, mas as mulheres fazem-no e sempre com um sorriso estampado.

 

domingo, 14 de março de 2021

K.Leio: as mais importantes mulheres da nossa vida

 


Textos dos alunos do Clube K.Leio/12º F sobre mulheres de relevo nas suas próprias famílias. Um desafio da professora Fátima Lopes (disciplina de História).


O Amor de mãe

O amor de uma mãe
é o amor mais especial
um sentimento que nunca se esquece
e como ele não há igual


Corra bem ou corra mal
A mãe sempre nos puxa para cima
Ajuda-nos no que é preciso
E sobe sempre a autoestima


Passado estes anos todos
Agradeço-te muito pelo que vivi
Espero ainda termos muitos pela frente
Porque já não me imagino sem ti


Com muito amor e carinho
Dedico o poema a esta grande mulher
Por tudo o que fez por mim
E por tudo o que há de fazer


Seja mãe avó ou filha
Seja tia irmã ou neta
Uma mulher na família
E qualquer uma se completa


sábado, 13 de março de 2021

K.Leio: as mais importantes mulheres da nossa vida

 


Textos dos alunos do Clube K.Leio/12º F sobre mulheres de relevo nas suas próprias famílias. Um desafio da professora Fátima Lopes (disciplina de História).

“Catarina, descreve o que para ti significa ser mulher”. Ao que eu respondo, forte e segura de si mesma. Decidida; certa do seu valor, mas sempre honesta e humilde. Alguém que não tem medo de arriscar, de desenhar o seu próprio caminho. Alguém com defeitos, pois ninguém é perfeito, mas sempre pronta a melhorar. Ser mulher é alguém que por muito que vá abaixo, consiga subir ainda mais alto. Ser mulher é ser a minha Mãe. E porquê? Porque a sua história de vida, se fosse convertida num livro, seria um best seller.  

                Ao contrário de mim, a minha mãe nunca mostra quando algo a magoa. Não creio que o faça por si mesma, mas pelos seus. Se houver algo com a capacidade de a prejudicar não vai mostrar raiva, nem medo, muito menos tristeza. Vai sorrir e dizer “vai tudo correr bem, a chuva é necessária para fazer as flores crescer”. E, sinceramente, se eu tivesse passado por metade do que ela passou, o mais provável seria que tanta chuva me tivesse inundado.

                Os meus avós maternos sempre foram portugueses humildes. Oriundos de famílias pobres, sempre deram valor a tudo o que lhes foi dado. No entanto, não era uma infância assim que desejavam para as suas três filhas. Foi em 1972 que, juntos, viajaram para França em busca de um futuro melhor. Um ano mais tarde tiveram a sua primeira filha- a minha mãe. Os anos foram passando sem quaisquer percalços, até ao verão de 1986- verão esse no qual a minha mãe foi obrigada a crescer demasiado rápido. É normal uma criança não dar conta de tudo o que se passa à sua volta e a minha mãe não foi exceção, o que fez com que fosse um choque ainda maior quando o rumo da sua vida foi obrigado a mudar e os meus avós a enviaram para Portugal, para que começasse a construir o seu futuro. Doze anos e as mudanças foram tantas. Ainda hoje me conta que foi tudo muito assustador: nova língua, novas pessoas, nova casa. E o pior de tudo foram as saudades.  

A minha mãe cresceu. Fez inúmeras amizades. Amizades essas foram deixadas com o passar dos anos e outras ainda hoje fazem parte da sua vida. Ao início foi difícil, mas a partir do momento que aceitou a verdade e começou a viver, tudo ficou mais fácil- até ao retorno dos seus pais e irmãs. Por um lado, ficou felicíssima por ter a sua família de volta; por outro, começou-se a sentir como um pássaro numa jaula. Com o meu avô a viver debaixo do mesmo teto, a liberdade já não era tanta e, infelizmente para ele, a minha mãe sempre foi uma mulher independente. Muita coisa mudou, principalmente o facto de a ter mudado de escola o que, consequentemente, fez com que perdesse muitos dos seus primeiros amigos em Portugal. Com tantas regras novas, com tantas mudanças, a minha mãe já só pensava nos seus 18 anos.

Desistiu da escola com 15 anos e, com essa mesma idade, começou a trabalhar. Atingindo a maioridade, saiu de casa e foi viver com umas colegas da fábrica na qual trabalhava. Se sentiu saudades de viver com o meu avô? Estou segura de que não. Os anos foram passando e, com 22, conheceu o homem com quem hoje está casada, o meu pai. Juntos viveram imensas peripécias e começaram a construir uma vida juntos. Em 1999, a dupla virou trio com o nascimento do meu irmão. E, em 2003, fiz com que formássemos um quarteto. Se há algo que a minha mãe faz melhor que ninguém é lutar pelos seus sonhos e esses sonhos implicavam que continuasse os estudos. Lembro-me de ser criança e ver a minha mãe a estudar no meu quarto de noite- dava-me um segurança enorme adormecer sabendo que ela estava ao meu lado. Proporcionaram-nos uma infância ótima e estava tudo a correr bem até 2010.

A minha mãe faz-me acreditar que as piores coisas acontecem às melhores pessoas. Em maio de 2010, numa segunda-feira, detetou um “caroço” na mama. Se fosse eu entrava em pânico, a minha mãe não. Levou-nos à escola e, chegando ao trabalho, ligou para o centro de saúde a marcar uma consulta. Sabia bem do que se tratava e, tal como disse no início deste texto, a única coisa que eu e o meu irmão víamos na cara dela era um sorriso e uma expressão de conforto. O processo foi igual ao de tantas outras mulheres: o cabelo caiu-lhe, usou uma peruca e, quando se sentiu confortável, parou de a usar. Ainda hoje me lembro do momento em que se sentou ao meu lado e tirou a peruca à minha frente. Estaria a mentir se dissesse que não foi estranho para mim, ainda para mais não sabendo bem o significado da palavra “cancro”, mas só fez com que a achasse ainda mais linda e com que a amasse ainda mais, se é que era possível.  Felizmente correu tudo bem, a minha mãe sempre foi uma mulher de armas.

Passaram três anos, até que outro quisto foi detetado e, em 2018, de novo o mesmo problema. A minha mãe não se deixou levar e lutou, por ela e por nós. “A chuva é necessária para fazer as flores crescer” e ela cresceu tanto! Tudo aquilo que enfrentou e que continua a enfrentar só a tornou mais forte e, hoje, tem muitos dos seus sonhos realizados e dos seus objetivos cumpridos.

Este best seller não seria um conto de fadas, seria a história de uma mulher que nunca seguiu ninguém, que tenta todos os dias ser o melhor de si mesma e que luta para proporcionar aos seus uma vida repleta de felicidade. Por isso sim, ser mulher é ser a minha mãe e eu só espero ser tão mulher quanto ela.

quinta-feira, 11 de março de 2021

K.Leio: as mais importantes mulheres da nossa vida


Textos dos alunos do Clube K.Leio/12º F sobre mulheres de relevo nas suas próprias famílias. Um desafio da professora Fátima Lopes (disciplina de História).


Ela

De terras africanas veio,
Tendo nascido por último
Nunca viveu com receio,
Mas sempre com ânimo

Até que abril chegou
Juntamente com a tristeza
A sua terra abandonou
E lá não voltou, com certeza

Tornou-se uma mulher adulta
E para além disso, astuta
Foi então que o sonho surgiu
E mais tarde um filho emergiu

Tendo um filho e mais outras duas que vieram,
Os estudos não pôde seguir
Mas mais tarde, os trinta e oito chegaram
E a universidade decidiu invadir

Com três filhos e uma doença
Que depois se veio a descobrir
Ela completou a sua crença
De a universidade conseguir concluir

O mal queria tomar posse do seu corpo
Mas isso, Ela não iria permitir
Lutou contra tudo e contra o tempo
E no fim, voltou a sorrir

Três filhos, os estudos, uma vida
Após um ciclo de persistência
Foi o prémio da sua corrida
E o final da sua penitência


A TV na Maior na Antena 1

 A TV na Maior foi ao Ouvido Crítico, um programa da Antena 1 dedicado à educação para os média e promovido pelo MILObs (Observatório sobre Media, Informação e Literacia) do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho.



quarta-feira, 10 de março de 2021

K.Leio: as mais importantes mulheres da nossa vida

 


Textos dos alunos do Clube K.Leio/12º F sobre mulheres de relevo nas suas próprias famílias. Um desafio da
professora Fátima Lopes (disciplina de História).


Espalhadas por todo o mundo encontramos mulheres fortes e lutadoras, que apesar dos obstáculos que a vida lhes apresenta elas enfrentam-nos sem qualquer medo e de cabeça erguida. Neste texto vou contar a história de vida de uma mulher destemida e forte, a minha avó, Elodie Marie Coelho.

Nasceu a 17 de fevereiro de 1940 em Charleroi, uma cidade no Sudoeste da Bélgica. Foi lá que viveu até aos dois meses de idade pois os seus pais viram-se obrigados a fugir da Segunda Grande Guerra. Vieram para Portugal e acabaram por ficar a viver em Viana do Castelo numa casa com um grande quintal. Um ano depois da vinda para Portugal, nasceu o Armando, irmão da minha avó. Foi nessa quinta que cresceram os dois. Viviam do campo e dos animais e, desde cedo que a minha avó trabalhou no campo com os pais. Fez desse trabalho no campo a sua vida. Todos os dias trabalhava arduamente na terra para que nada faltasse em casa.

Em 1968 casou-se com o meu avô e ficaram a viver juntos na casa dos meus bisavôs. Passado um ano de casamento tiveram uma filha, a minha mãe e, mais tarde, tiveram outra filha. Sempre viveram uma vida estável, o meu avô durante o dia trabalhava fora de casa e a minha avó ficava em casa com as filhas e a trabalhar, sempre levou uma vida de muito trabalho. Entretanto, o pai e o irmão da minha avó regressaram à Bélgica, com objetivo de arranjar um emprego. Conseguiram o emprego, e fizeram uma vida lá, o irmão da minha avó casou e teve uma filha. Em Portugal, quem ficou a gerir a casa foi a minha avó coma ajuda da sua mãe. Passados uns anos a minha avó recebeu a notícia que o irmão tinha morrido numa explosão de um camião, e na Bélgica deixou a mulher e uma filha. Foi uma notícia avassaladora para toda a família, mas especialmente para a minha avó. Foram tempos difíceis, mas a minha avó nunca desistiu, sempre foi mais forte do que a dor, continuou a trabalhar e a tomar conta da sua família.

O tempo foi passando e as filhas começam a ficar independentes, foram estudar e começaram a formar as suas vidas. Entretanto, os seus pais começaram a envelhecer e era preciso cuidar deles também. Cuidou deles tal como eles tinham cuidado dela. Primeiro faleceu a sua mãe, foi uma grande dor pois ela era um grande apoio para a minha avó e, anos depois morreu o seu pai, outro grande desgosto para ela. Mas, como sempre, a minha avó levantou a cabeça e lutou contra a dor. Continuou a viver na casa onde cresceu, continuou a trabalhar, e mais tarde abdicou do trabalho para tomar conta das netas.

Nos dias que correm, continua a ser a mesma mulher. Uma mulher cheia de força e de vontade, é impressionante ver o quanto ela luta contra as dores que sente, hoje em dia as dores são mais físicas do que psicológicas, mas mesmo assim ela não se deixa ir abaixo. Já não trabalha tanto como em tempos anteriores, mas continua a ser ela quem gere a casa, agora com a ajuda de toda a família. Ela diz ser uma mulher muito feliz porque tem umas filhas e um marido que a ajudam muito e umas netas que a adoram. Para mim não há pessoa mais forte e lutadora no mundo do que a minha avó e, é uma grande dádiva poder viver e falar com elas todos os dias porque ela é uma grande mulher.

terça-feira, 9 de março de 2021

K.Leio: as mais importantes mulheres da nossa vida

 

Textos dos alunos do Clube K.Leio/12º F sobre mulheres de relevo nas suas próprias famílias. Um desafio da professora Fátima Lopes (disciplina de História).

Para Ela

Tentei escrever uma carta para ela

Para a guerreira, a mais bela

A mulher com o mais doce coração

E que será sempre para mim uma inspiração

 

Não consegui

Porque há tanto para falar

Então decidi

Cada momento com ela aproveitar

 

Dizem que tem mãos mágicas,

Que faz coisas fantásticas

Porque nem o melhor pasteleiro

Fará um melhor brigadeiro

 

Não há palavras para descrever

Uma mãe com tanto poder

Com uma alma tão pura

E um olhar repleto de ternura

 


segunda-feira, 8 de março de 2021

K.Leio: as mais importantes mulheres da nossa vida


Iniciamos hoje a publicação dos textos dos alunos do Clube K.Leio/12º F sobre mulheres de relevo nas suas próprias famílias. Um desafio da professora Fátima Lopes (disciplina de História).

A resposta

Desde a mais tenra idade que sempre me perguntaram o que queria ser quando crescesse. Ouvia à minha volta palavras cheias de ambição, de desejo, talvez com uma pitada de curiosidade e sonho, e pensava arduamente no que responder, não para aparentar uma cultura que ainda não tinha, mas para seguir fielmente as palavras que proferisse. Queria ser verdadeira a mim mesma, fazer algo que me completasse e que me trouxesse a felicidade de que todos os contos de fadas falavam. O que é certo, de uma rapariga indecisa como eu, é que as minhas respostas mudavam inúmeras vezes, não só porque não tinha a maior das certezas, mas porque sabia que seria algo que teria de fazer pela maior parte da minha vida. A escolha tinha de ser acertada, tinha de ser perfeita. As minhas respostas passaram, então, pelas mais diversas áreas: bailarina, atriz, historiadora, tradutora, violetista, cientista forense. A cada duas semanas surgia uma profissão nova, um novo rumo para a minha vida.

Apesar de todas as minhas flutuações, o maior apoio que poderia ter recebido foi o da minha mãe. Nunca me impôs um único sonho que fosse seu, ao invés sonhava que os meus se tornassem realidade. Afirmou com o maior dos orgulhos que assistiria a todos os filmes que fizesse, todos os concertos que desse, que aplaudiria as minhas conquistas e todos os meus feitos, fossem eles um solo num concerto em Viena ou a descoberta de um novo túmulo egípcio, numa escavação de renome. A minha mãe sonhava com o meu sucesso, com a minha felicidade. Mal ela sabia que a maior felicidade que eu poderia ter, era vê-la sorrir verdadeiramente todos os dias, sem medos, sem preocupações.

Aquando o divórcio dos meus pais, ficou sozinha com uma filha pequenina para criar, uma casa para sustentar e um trabalho para manter. Todos os dias via o esforço que fazia, o quanto se cansava e as dores que suportava. Mas nunca deixou que o mundo a derrubasse, e lutava sempre por dias melhores, como uma verdadeira supermulher. “Meu amor, eu aguento tudo porque quero que vivas os teus sonhos, quero que chegues longe e que vivas tudo o que eu não pude viver”. Ao longo dos anos, as suas palavras ecoavam em mim, davam-me um rumo e ajudavam-se nas minhas decisões. A minha mãe sacrificou sempre tudo por mim, mesmo quando não o tinha.

Desde o dia em que nasci, foi o meu porto de abrigo. Secou todas as minhas lágrimas, sarou todas as minhas feridas e amou todos os meus defeitos, como só uma boa mãe sabe fazer. Os abraços que me dá são o único sítio onde me sinto segura, onde o mundo aparenta ser esse que a todas as crianças pequeninas se descreve. Ganha cor, forma e alegria. Ganha sentido. E tudo porque o amor que me dá é incondicional, tal como o que sinto por ela. Só por ela conseguiria abdicar dos meus sonhos, da minha vida, enfrentar todos os meus medos. Nunca ninguém chegará ao patamar da minha mãe, porque mais do que um exemplo, mais do que uma certeza, mais do que uma dádiva, ela é o meu maior tesouro, a maior bênção que me poderia ter sido dada.

Dia 8 de março, dia da Mulher, finalmente posso dizer que me torno numa, ao celebrar o meu 18º aniversário. Ao fim de todos estes anos, sei finalmente com todas as certezas aquilo que responderia à pergunta que tantas vezes me fizeram. “O que queres ser quando cresceres”? Quero ser como a minha mãe. Quero ser uma mulher forte, destemida, lutadora e verdadeira, como ela sempre me mostrou, como sempre foi e sempre será. Quero ser um exemplo para os meus filhos, tal como ela foi para mim. Quero dar-lhe toda a felicidade que me deu, que me fez sentir e que nunca deixou que se extinguisse em mim.

Mãe, és a minha maior alegria, o meu propósito, o meu caminho. Sei que, graças a ti, todos os meus sonhos se vão realizar, que o que eu mais desejo vai mesmo acontecer. Que eu vou conseguir mudar o teu mundo. Vou dar-lhe cor, forma e alegria. Sentido. E disso, eu nunca irei desistir, tal como tu nunca desististe de mim. Estaremos juntas até ao fim, mesmo que isso implique remarmos contra a maré. Abandonar-te seria abandonar-me. Como poderia eu viver inteiramente sem a minha mais preciosa metade?

Obrigada. Eu amo-te. Para sempre.




Formação Pordata

Começámos esta semana com a Formação PORDATA no nosso agrupamento! Participaram na sessão da PORDATA KIDS 25 alunos do 5º C e, nas duas sessões da PORDATA, 95 alunos do ensino secundário (10ºK, 10º H, 11º J, 11º L, 11º M). Esta atividade foi promovida pelas Bibliotecas Escolares e inscreve-se no seu plano de trabalho para a literacia da informação. A formação PORDATA é uma iniciativa conjunta da Fundação Francisco Manuel dos Santos e da Rede de Bibliotecas Escolares.


Para quem não teve oportunidade de participar, está disponível um
curso online gratuito, com a duração de 60 minutos, que podem fazer autonomamente e ao vosso próprio ritmo.