sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Histórias da Pandemia: vídeo

 Vídeo vencedor do Concurso Histórias da Pandemia



Márcio Lima 11º O

Histórias da Pandemia: texto poético

 Texto poético vencedor do Concurso Histórias da Pandemia


TEMPOS DESVENTURADOS

Vivemos numa constante certeza

Intemporalmente adquirida

De que a liberdade é garantida.


Porém, desta vez foi a Natureza

A grande prova (que nos pôs à prova)

De que a vida é o imprevisível,

A imparcialidade da dubiedade,

A frágil resistência ao dia do amanhã,

A firmeza que despreza a felicidade e

A comodidade permanente, imarcescível.


Já Camões, com todas as razões imagináveis,

Aclarava nos seus versos memoráveis

Que “o bicho da terra tão pequeno”

Não se encontra pleno, nunca sereno.


Esse bicho agora submisso a um outro que,

Ironia do destino (ou talvez não)

Ainda é mais diminuto.


Este caçador selvagem não escolhe as suas presas…

À mínima alteração do nosso estado normal,

Inevitável é achar que fomos por ele capturados,

Nosomaníacos, pressionados numa loucura

Necessária para o evitarmos ao máximo.



Quase que como se num aceno

Nos despedimos da rotina de outrora.

Pobres, encurralados!


Obrigados a “ostentar” uma máscara

Perseguidos pelo fantasma do receio

De adoecer, despedaçarem-se corações.

Famílias que ouvirão os sinos badalar

Mais cedo do que poderiam pensar,

Fruto da falência corporal dos seus.


Ó apanágios oportunos para a desgraça da sociedade!

Vogamos agora por tempos duvidosos num lábil escaler

Desconhecido, talvez prestes a se afundar.

Como saber? Como agir? Em que acreditar?


A oficina do saber científico tenta,

Por vezes em vão, obter informação

Para remediar este inferno que é já

Conhecimento e não apenas uma crença.


Onde está o céu quando precisamos dele?

Quão pérfida e perversa é a vida?

Raquel Soares, 11º K

Histórias da Pandemia: texto expositivo

 Texto expositivo vencedor do Concurso Histórias da Pandemia.

Assim sucedeu. A pandemia expandiu-se por todo o planeta tal como previsto. Ora estávamos perante a gripe, ou talvez outra coisa, depois já era uma outra mais exótica que a anterior. O que parece ser comum para grande parte dos intervenientes nesta situação é o facto de todos estarmos numa “guerra” contra o vírus, que é uma luta, é um ataque, estão em risco vidas e tudo tem que ser feito no sentido de aplanar a curva. Tenhamos em conta, no entanto, que nem todas as decisões serão válidas face a esta pandemia.

Não deveremos, enquanto sociedade baixar a guarda. Se algo é óbvio na história das epidemias é que existe uma exploração política por parte de regimes com tendências autoritárias para vincularem a sua missão. A sobrevivência da nação e da nossa sociedade está em risco, e esta emergência requer medidas drásticas. Houve quem defendesse que a economia não podia parar, mesmo que isso tivesse implicações graves para os mais idosos ou grupos de risco para a COVID-19. É considerável entender que uma sociedade que aceita deixar alguns para trás (mesmo que isso implique morrer) para a Economia não parar, é uma sociedade que já morreu. O fecho das fronteiras, o fecho das cidades e de nós próprios (porque os inimigos reais ou imaginários devem ficar de fora), obviamente estas medidas tiveram que ser postas em prática, mas não esqueçamos que têm também que ser contidas no tempo.

A pandemia desmascarou os muitos dos mecanismos insustentáveis pelos quais a sociedade do capital está fundamentada. O imediato colapso económico exige uma mudança radical e, ainda assim, tudo indica que as corporações irão devorar os mais pequenos. Sinto que tenho um papel, por minúsculo que seja, na distribuição da riqueza. Comprar perto é contribuir para a comunidade onde cada um de nós está inserido. É virar as costas às corporações que estão a destruir o nosso mundo. Falo das opções e possibilidades que ainda temos ao nosso dispor, das iniciativas que surgem todos os dias para dar a oportunidade a pequenos projetos de fazerem frente aos gigantes. Temos um poder capaz de mudar o mundo, e é exatamente aqui que empregamos a ética.

Os meses de quarentena que vivemos puseram o mundo à beira do abismo. Ter de partilhar na íntegra todas as horas do dia, fez com que a casa se tornasse numa jaula onde os humanos ganham a noção de que são animais que se atacam e que, apesar da vida em comunidade poder ser boa, todos precisam de um espaço só seu.

O ser humano nunca estará preparado para fazer face a tal circunstância. O medo da morte e da doença é causado pela destruição do nosso organismo. Os seres dão mais atenção ao corpo do que à essência e, por isso, vivem angustiados, principalmente agora, face à pandemia. Vivemos estritamente focados na existência dos corpos. A essência, ou a alma, é algo desconsiderado pela maioria. Então, o que devemos fazer? Eu diria que temos de respeitar as medidas de prevenção e livrarmo-nos do medo, cada um dar um pouco de si, é o essencial. Espero que, quando a pandemia cessar, tenhamos aprendido a usar o nosso pequeno poder. Mais cooperação, menos ganância e menos individualismo.

Sihan Vitorino, 12º E