terça-feira, 13 de março de 2012

O Carteiro de Pablo Neruda

"- O que tens?
- Don Pablo?
- Ficas aí parado como um poste.
Mario torceu o pescoço e procurou os olhos do poeta de baixo a cima.
- Cravado como uma lança?
- Não, quieto como uma torre de xadrez.
- Mais tranquilo que gato de porcelana?
Neruda largou a maçaneta do portão, e acariciou o queixo.
- Mario Jiménez, além das Odes elementares tenho livros muito melhores. É indigno que me submetas a todo o tipo de comparações e metáforas.
- Don Pablo?
- Metáforas, homem!
- Que coisas são essas?
O poeta pôs uma mão no ombro do rapaz.
- Para te esclarecer mais ou menos imprecisamente, são maneiras de dizer uma coisa comparando-a com outra.
- Dê-me um exemplo.
Neruda olhou para o relógio e suspirou.
- Bem, quando tu dizes que o céu está a chorar, o que é que queres dizer?
- Que fácil! Que está a chover, pois.
- Bem, isso é uma metáfora."
O Carteiro de Pablo Neruda: ardente paciência - Antonio Skármeta

Obra selecionada para a fase distrital do CNL 2012.


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