No final do século XV, um velho mestre flamengo introduz num dos seus quadros um enigma que pode mudar a história da Europa. No quadro, o duque de Ostenburgo e o seu cavaleiro estão embrenhados numa partida de xadrez enquanto são observados por uma misteriosa dama vestida de negro. Todavia, à época em que o quadro foi pintado, um dos jogadores já havia sida assassinado.
Cinco séculos depois, uma restauradora de arte encontra a inscrição oculta: quis necavit equitem? (Quem matou o cavaleiro?) Auxiliada por um antiquário e um excêntrico jogador de xadrez, a jovem decide resolver o enigma. A investigação assumirá contornos muito singulares: o seu êxito ou fracasso será determinado, jogada a jogada, através de uma partida de xadrez constantemente ameaçada por uma sucessão diabólica de armadilhas e equívocos.Para os leitores que apreciam o mistério, fica a sugestão.
Um envelope fechado é um enigma que contém outros enigmas no seu interior. Aquele era grande, grosso, de papel manila, com o timbre do laboratório impresso no ângulo inferior esquerdo. E antes de o abrir, enquanto o segurava na mão e procurava ao mesmo tempo uma espátula entre os pincéis e frascos de tinta e de verniz, Júlia estava muito longe de imaginar até que ponto esse gesto ia transformar a sua vida.
Na realidade, já conhecia o conteúdo do envelope. Ou, como mais tarde veio a descobrir, julgava que conhecia. (…)
QUIS NECAVIT EQUITEM.
Júlia sabia latim suficiente para poder traduzir sem dicionário: Quis, pronome interrogativo, quem. Necavit, deriva de neco, matar. E equitem era o acusativo singular de eques, cavaleiro. Quem matou o cavaleiro. (…)
QUEM MATOU O CAVALEIRO?
Arturo Pérez-Reverte (2009), A Tábua de Flandres, ASA, págs. 9-10.
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