quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Instantâneos de uma turma em tempos de pandemia - 12º F

TEXTO CORRIDO 12º F– sem nomes
K.Leio & História A

Estes dois assim pensam – o mundo à volta diz que não, mas a música é uma inspiração, e o sentimento de cada compasso é cada vez mais puro. Em toda a arte, aliás, conta na peça o significado oculto que possuiu, não a evidência do visível ou o preço de mercado. Assim na dança: Aurora só verdadeiramente nasceu quando dançou, quando no seu devido tempo descobriu que a dança tinha cores, tantas cores; e formas, tantas formas; e movimento, tanto movimento que parecia uma aurora boreal a rodopiar sobre o Mundo.

É possível encontrar um tema comum, Amor, um que junte a Lua, as estrelas e o mar; sob a grande lua é possível deitar conversa fora e, olhando esse alto tão alto, é possível ver tudo numa imensa pequenez: as ruas, os carros, as pessoas e as suas vidas. De longe observo um homem que me observa a mim e me pergunta “Pensar em quê?”, e sem pensar no que pensava, respondi: “Penso no absurdo”. Viver sob o princípio da incerteza, duvidando sempre se realizamos tudo o que desejamos ou se apenas nos conformamos com o que é possível alcançar.

E a lua tão alto, a dança tão garrida, a música tão pura e a arte de viver tão dura e indefinida!

É possível sonhar que o Amor salva porque o Amor é um conjunto de consistências, como um compasso, uma tela em branco, um palco onde os corpos dançam em liberdade. Sim, porque, afinal, a vida também tem as suas coisas boas, pode ser o cantinho da casa, o pijama onde guardamos os sonhos e o gosto da infância. Talvez seja o lugar onde pertenço, o lugar onde estou com as memórias, algumas delas imaginárias.

Ah, aviso que gosto da chuva porque me faz lembrar o quão desnecessária é a preocupação com as coisas pequenas da vida. A chuva passa pela janela, eu passo pela vida: cinco segundos na história da eternidade. Aviso também que tenho saudades, ainda que odeie isso, saudades de quando me via como um ser de luz, irradiando felicidade. Por isso aprendi a desligar-me, mas também não gosto de me sentir desligada!

Quero que chova todos os dias para que o guarda-chuva cubra o meu rosto. Corro pela praça, com decisão. Decidida a ficar presa, diz a minha voz interior, a tal que raramente tem algo de positivo a dizer.

E a lua tão alta, a dança tão garrida, a música tão pura e eu a pensar que a vida pior não fica!

Ah, quem me dera que houvesse maneira de fugir à vida, fugir ao previsível e a certos silêncios que constrangem como muros sólidos. Não somos ninguém para além de nada!

Não sei, não sei, não sei!!!Já nem sei viver sem regras. Não gosto de poesia, para quê fazer um poema? Se não temos tempo, para que precisamos de um relógio?

Mas ele pensava, e eu assim penso, que “Tenho em mim todos os sonhos do mundo”, assim como penso sobre o que a História me ensinou, a ser forte, a nunca desistir. Sim, nunca ouvi falar de um fraco num livro, só de homens valentes e por isso, pesem todos os pesares, eu, 12º F, quero viver, viver verdadeiramente como se toda a dor não passe de uma pintura que vai deixando as suas cores escuras até, a partir de dentro, apenas irradiar claridade.

Composição adaptada por F.L.

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