terça-feira, 16 de março de 2010

Para a Minha Irmã



JODI PICOULT, Para a Minha Irmã.

“ (…) eu nasci para um fim muito específico (…) Nasci porque um cientista conseguiu ligar os óvulos da minha mãe e os espermatozóides do meu pai para criar uma combinação específica de material genético precioso.(…)
A Kate tem leucemia promielocítica aguda. Na realidade, isso não é bem assim – neste momento ela não tem, mas está a hibernar debaixo da sua pele como um urso, até decidir rugir de novo. Foi diagnosticada quando ela tinha dois anos, agora tem dezasseis. Recaída molecular e granulócito e cateter de punção venosa – estas palavras fazem parte do meu vocabulário, embora nunca as venha a encontrar em nenhum exame de admissão à universidade. Eu sou uma dadora alogeneica – uma irmã totalmente compatível. Quando a Kate necessita de leucócitos, ou de células estaminais, ou de medula óssea para enganar o seu corpo, fazendo-o pensar que é saudável, eu forneço-os. Quase sempre que a Kate é hospitalizada eu acabo por ir para o hospital também.
(…)
Há demasiadas coisas para explicar – o meu próprio sangue a passar para as veias da minha irmã; (…) O facto de eu não estar doente, mas de ser como se estivesse. O facto de a única razão para eu ter nascido ser para servir de objecto de colheitas para a Kate. O facto de, agora mesmo, estar a ser tomada uma decisão importante sobre mim, e de ninguém se ter dado ao trabalho de perguntar à pessoa que mais merecia qual era a sua opinião.
Há demasiadas coisas para explicar, e por isso faço o melhor que posso.
- Não é Deus. São só os meus pais – digo eu. – Quero processá-los pelo direito ao meu próprio corpo.
(…)
A minha irmã está a morrer, e a minha mãe quer que eu lhe doe um dos meus rins.(…)
– Ninguém a pode obrigar a doar um órgão se não quiser.
- Ah, a sério? (…)”
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Em, Para a Minha Irmã levantam-se questões muito complexas entre o legal e o ético: tem Anna, a irmã de Kate, o dever de arriscar a própria vida para salvar a irmã? Têm, os pais, o direito de tomar decisões no lugar de Anna?
No decorrer da narrativa, as personagens apresentam os seus pontos de vista, mostram os seus conflitos e justificam as suas escolhas.
É um livro excelente, que nos faz viver questões éticas e morais muito delicadas, implicando as nossas próprias escolhas.

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