segunda-feira, 8 de março de 2021

K.Leio: as mais importantes mulheres da nossa vida


Iniciamos hoje a publicação dos textos dos alunos do Clube K.Leio/12º F sobre mulheres de relevo nas suas próprias famílias. Um desafio da professora Fátima Lopes (disciplina de História).

A resposta

Desde a mais tenra idade que sempre me perguntaram o que queria ser quando crescesse. Ouvia à minha volta palavras cheias de ambição, de desejo, talvez com uma pitada de curiosidade e sonho, e pensava arduamente no que responder, não para aparentar uma cultura que ainda não tinha, mas para seguir fielmente as palavras que proferisse. Queria ser verdadeira a mim mesma, fazer algo que me completasse e que me trouxesse a felicidade de que todos os contos de fadas falavam. O que é certo, de uma rapariga indecisa como eu, é que as minhas respostas mudavam inúmeras vezes, não só porque não tinha a maior das certezas, mas porque sabia que seria algo que teria de fazer pela maior parte da minha vida. A escolha tinha de ser acertada, tinha de ser perfeita. As minhas respostas passaram, então, pelas mais diversas áreas: bailarina, atriz, historiadora, tradutora, violetista, cientista forense. A cada duas semanas surgia uma profissão nova, um novo rumo para a minha vida.

Apesar de todas as minhas flutuações, o maior apoio que poderia ter recebido foi o da minha mãe. Nunca me impôs um único sonho que fosse seu, ao invés sonhava que os meus se tornassem realidade. Afirmou com o maior dos orgulhos que assistiria a todos os filmes que fizesse, todos os concertos que desse, que aplaudiria as minhas conquistas e todos os meus feitos, fossem eles um solo num concerto em Viena ou a descoberta de um novo túmulo egípcio, numa escavação de renome. A minha mãe sonhava com o meu sucesso, com a minha felicidade. Mal ela sabia que a maior felicidade que eu poderia ter, era vê-la sorrir verdadeiramente todos os dias, sem medos, sem preocupações.

Aquando o divórcio dos meus pais, ficou sozinha com uma filha pequenina para criar, uma casa para sustentar e um trabalho para manter. Todos os dias via o esforço que fazia, o quanto se cansava e as dores que suportava. Mas nunca deixou que o mundo a derrubasse, e lutava sempre por dias melhores, como uma verdadeira supermulher. “Meu amor, eu aguento tudo porque quero que vivas os teus sonhos, quero que chegues longe e que vivas tudo o que eu não pude viver”. Ao longo dos anos, as suas palavras ecoavam em mim, davam-me um rumo e ajudavam-se nas minhas decisões. A minha mãe sacrificou sempre tudo por mim, mesmo quando não o tinha.

Desde o dia em que nasci, foi o meu porto de abrigo. Secou todas as minhas lágrimas, sarou todas as minhas feridas e amou todos os meus defeitos, como só uma boa mãe sabe fazer. Os abraços que me dá são o único sítio onde me sinto segura, onde o mundo aparenta ser esse que a todas as crianças pequeninas se descreve. Ganha cor, forma e alegria. Ganha sentido. E tudo porque o amor que me dá é incondicional, tal como o que sinto por ela. Só por ela conseguiria abdicar dos meus sonhos, da minha vida, enfrentar todos os meus medos. Nunca ninguém chegará ao patamar da minha mãe, porque mais do que um exemplo, mais do que uma certeza, mais do que uma dádiva, ela é o meu maior tesouro, a maior bênção que me poderia ter sido dada.

Dia 8 de março, dia da Mulher, finalmente posso dizer que me torno numa, ao celebrar o meu 18º aniversário. Ao fim de todos estes anos, sei finalmente com todas as certezas aquilo que responderia à pergunta que tantas vezes me fizeram. “O que queres ser quando cresceres”? Quero ser como a minha mãe. Quero ser uma mulher forte, destemida, lutadora e verdadeira, como ela sempre me mostrou, como sempre foi e sempre será. Quero ser um exemplo para os meus filhos, tal como ela foi para mim. Quero dar-lhe toda a felicidade que me deu, que me fez sentir e que nunca deixou que se extinguisse em mim.

Mãe, és a minha maior alegria, o meu propósito, o meu caminho. Sei que, graças a ti, todos os meus sonhos se vão realizar, que o que eu mais desejo vai mesmo acontecer. Que eu vou conseguir mudar o teu mundo. Vou dar-lhe cor, forma e alegria. Sentido. E disso, eu nunca irei desistir, tal como tu nunca desististe de mim. Estaremos juntas até ao fim, mesmo que isso implique remarmos contra a maré. Abandonar-te seria abandonar-me. Como poderia eu viver inteiramente sem a minha mais preciosa metade?

Obrigada. Eu amo-te. Para sempre.




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