quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

A Odisseia de Sebastião - Tomás Pinto - 10ºA

 "A Odisseia de Sebastião" foi um dos textos vencedores do Concurso de Escrita Era uma Vez..., dinamizado pela biblioteca escolar no âmbito da comemoração do Mês Internacional das Bibliotecas Escolares. É um conto da autoria do Tomás Pinto no 10º A.

Era uma vez um navegador chamado Sebastião, descendente de uma linhagem de homens do mar. Muitos diziam que o facto da sua mãe o ter dado à luz durante uma terrível tempestade fortaleceu o rapaz com o poder dos deuses. De facto, a criança não temia as águas como as outras, passando a maioria do seu tempo a observar os navios e marinheiros no porto da cidade.

Sebastião era curioso, procurava sempre saber mais sobre o mundo que o rodeava, e frequentemente questionava os seus mentores sobre temas que nem mesmo estes tinham resposta. Uma das suas dúvidas era o porquê de existir um fim no oceano que abrigaria os mais diversos monstros marinhos. Para ele, esta ideia era absurda, por isso dedicou a sua vida a provar o contrário.

Aos dezasseis anos, foi admitido como remador na tripulação do seu tio Capitão Albernaz, que conhecia os sete mares como a palma da sua mão, de quem herdou todos os seus conhecimentos marítimos, participando em várias viagens por todo o mundo.

Com a passagem do seu tio para o mundo das almas, herdou a sua frota o que lhe permitiu realizar a jornada que sempre sonhou. Começaram, então, os preparativos para esta travessia do fim do mar que seria a viagem mais aguardada de todos os tempos.

Nunca havia sido sequer imaginado algo dessa magnitude, portanto o dia da despedida reuniu uma imensa multidão, entre familiares e amigos que podiam nunca mais ver os seus navegadores. Apesar dos pedidos para ficarem, a tripulação não olhou para trás, embarcou e desapareceu no horizonte.

Durante os primeiros dias, o clima dentro dos navios era de festa, porém, na quinta noite, um temporal intimidador, fez com que o medo tomasse conta do ambiente, provocando completo caos. No meio de tanta desordem, marinheiros e navios inteiros foram engolidos pelas poderosas ondas, deixando poucos para contar a história. Entre eles encontrava-se Sebastião que, apesar de toda a devastação, defendeu que seria injusto para os que sacrificaram a vida se parassem tão cedo, prosseguindo-se com a missão.

Do Olimpo, observavam os deuses. Entre eles, Poseidon, rei dos mares, que preparava as procelas marinhas juntamente com Éolo, guardião dos ventos, para impedir os barcos de atingirem o seu território. Surpreendidos pela determinação dos marujos, adiaram a próxima tormenta e reuniram-se com o rei do Olimpo, Zeus, informando-o do ocorrido. Este ficou perplexo por alguém ter conseguido chegar tão longe e ordenou a presença de Sebastião.

Acima das nuvens, o capitão deparou-se com um imenso banquete, mas apenas dois lugares, um já ocupado por Zeus, que o convidou a sentar-se e a saborear a comida. Apesar de algum receio, fez o que lhe foi pedido. O deus dos deuses foi direto ao assunto, questionando o propósito de tal viagem, o navegador assumiu que procurava desmistificar as ideias sobre os limites do oceano e que pretendia ir mais além. Com uma gargalhada, Zeus declarou que transcender a fronteira marinha seria impossível para um mero mortal, mas que respeitava a sua bravura.

Prosseguiu com uma proposta a Sebastião: o homem e sua tripulação teriam que enfrentar uma besta aquática. Se vencessem, poderiam regressar a casa e a borda do mar seria aumentada, revelando novas terras. No entanto, se fracassassem, as suas almas seriam entregues ao rei do submundo, Hades, e a sua terra natal seria inundada. Mesmo com alguma apreensão, o comandante encarou o desafio.

O seu inimigo seria Caríbdis, um monstro de voracidade extrema que era capaz de provocar turbilhões colossais apenas com o seu movimento, protetor da passagem oceânica para o território divino. As suas capacidades eram lendárias.

Ao amanhecer, deu-se início ao confronto, que foi presenciado por todo o Olimpo. Rapidamente, o bicho investiu contra a frota, mas a agilidade dos marujos permitiu-lhes desviar o ataque. Sebastião percebeu, então, que a única possibilidade de vencerem a criatura seria se todas as embarcações navegassem diretamente para a sua boca, provocando a sua sufocação.

O capitão ordenou o avanço dos navios em direção à besta que não se intimidou pelo ataque, expandindo a mandíbula para os devorar numa dentada só, contudo não foi capaz de o fazer. Por mais que Caríbdis se revirasse e tentasse expelir os barcos, a sua sorte era inevitável, acabando por ser derrotada.

Na praia, todos celebraram a vitória dos mortais, exceto Zeus e Hades que ficaram desiludidos pela má prestação do monstro. Os marinheiros, eufóricos, comemoraram também a sua incrível façanha, ansiosos pelo regresso a casa e o reencontro com as suas famílias, que viria a acontecer uns dias mais tarde.

Sebastião e toda a tripulação, passaram a ser venerados como heróis em toda a parte. No final, a coragem e persistência de um homem que sempre defendeu aquilo em que acreditava foi o suficiente para que este ultrapassasse algo que à primeira vista seria impossível, vivendo uma fabulosa odisseia que dificilmente será esquecida, entre deuses e mortais.

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