terça-feira, 12 de outubro de 2010

Programa de desenvolvimento da literacia da informação

Caracterizada por uma explosão informacional aliada ao uso generalizado das novas tecnologias, a Sociedade da Informação exige aos nossos alunos competências ao nível da leitura, da selecção, do tratamento e da produção de informação.
A escola deve desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento da literacia da informação, dotando os alunos da capacidade de utilizar a informação de forma autónoma, crítica e ética, sendo esta condição necessária para a formação de cidadãos intervenientes e capazes de se adaptarem à mudança.

A Biblioteca Escolar está a realizar um conjunto de acções de formação destinadas a todos os alunos. As primeiras sessões, sobre o Modelo de Pesquisa BIG 6, tiveram lugar na biblioteca durante a segunda semana de Outubro, em articulação com o trabalho realizado em Área Projecto (12º ano).

Em breve, será a vez dos alunos dos 10º e 11º anos conhecerem este modelo de pesquisa criado por Eisenberg e Berkovitz, dois professores norte-americanos especialistas em pesquisa e tratamento da informação.

O plano de trabalho pode ser consultado no Moodle (Biblioteca/Centro de Recursos), bem como a apresentação em Powerpoit do Modelo BIG 6.


Sobre este modelo consulta http://www.big6.com/

quinta-feira, 25 de março de 2010

Os Anagramas de Varsóvia


Um excerto de Os Anagramas de Varsóvia de Richard Zimler. Ler para conhecer, e falar com o autor, na nossa escola, no dia 26 de Março às 10 horas, no ginásio. A sessão de autógrafos é na biblioteca, onde se encontram à venda alguns dos seus livros.

“No último sábado de Setembro de 1940, aluguei uma carroça puxada por um cavalo, com o respectivo cocheiro e dois homens pagos ao dia para me fazerem a mudança do meu andar junto ao rio para o apartamento de um quarto da minha sobrinha, situado num bairro judeu da cidade. Decidira sair de casa antes da criação oficial de um gueto, porque já nos fora proibido circular em grande parte da Varsóvia, e não precisava de uma bola de cristal para saber o que viria a seguir. Queria ser eu a estabelecer as condições do meu exílio - e poder escolher quem havia de ir para o meu andar. Já se tinha mudado para lá a filha de um cristão vizinho meu, estudante universitária, e o marido dela advogado.”

Zimler, Richard, Os Anagramas de Varsóvia

terça-feira, 16 de março de 2010

Para a Minha Irmã



JODI PICOULT, Para a Minha Irmã.

“ (…) eu nasci para um fim muito específico (…) Nasci porque um cientista conseguiu ligar os óvulos da minha mãe e os espermatozóides do meu pai para criar uma combinação específica de material genético precioso.(…)
A Kate tem leucemia promielocítica aguda. Na realidade, isso não é bem assim – neste momento ela não tem, mas está a hibernar debaixo da sua pele como um urso, até decidir rugir de novo. Foi diagnosticada quando ela tinha dois anos, agora tem dezasseis. Recaída molecular e granulócito e cateter de punção venosa – estas palavras fazem parte do meu vocabulário, embora nunca as venha a encontrar em nenhum exame de admissão à universidade. Eu sou uma dadora alogeneica – uma irmã totalmente compatível. Quando a Kate necessita de leucócitos, ou de células estaminais, ou de medula óssea para enganar o seu corpo, fazendo-o pensar que é saudável, eu forneço-os. Quase sempre que a Kate é hospitalizada eu acabo por ir para o hospital também.
(…)
Há demasiadas coisas para explicar – o meu próprio sangue a passar para as veias da minha irmã; (…) O facto de eu não estar doente, mas de ser como se estivesse. O facto de a única razão para eu ter nascido ser para servir de objecto de colheitas para a Kate. O facto de, agora mesmo, estar a ser tomada uma decisão importante sobre mim, e de ninguém se ter dado ao trabalho de perguntar à pessoa que mais merecia qual era a sua opinião.
Há demasiadas coisas para explicar, e por isso faço o melhor que posso.
- Não é Deus. São só os meus pais – digo eu. – Quero processá-los pelo direito ao meu próprio corpo.
(…)
A minha irmã está a morrer, e a minha mãe quer que eu lhe doe um dos meus rins.(…)
– Ninguém a pode obrigar a doar um órgão se não quiser.
- Ah, a sério? (…)”
_______________________

Em, Para a Minha Irmã levantam-se questões muito complexas entre o legal e o ético: tem Anna, a irmã de Kate, o dever de arriscar a própria vida para salvar a irmã? Têm, os pais, o direito de tomar decisões no lugar de Anna?
No decorrer da narrativa, as personagens apresentam os seus pontos de vista, mostram os seus conflitos e justificam as suas escolhas.
É um livro excelente, que nos faz viver questões éticas e morais muito delicadas, implicando as nossas próprias escolhas.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Cada Homem é uma Raça


Mia Couto nasceu em Moçambique em 1955, numa família de emigrantes portugueses. Publicou os primeiros poemas aos 14 anos e é já autor de uma vasta obra - poesia, contos, romances. Além de escritor, é biólogo e professor. Entre vários prémios e distinções, foi galardoado, pelo conjunto da sua obra, com o Prémio Vergílio Ferreira 1999 e com o Prémio União Latina de Literaturas Românicas 2007. Está traduzido em diversas línguas
Algumas das obras publicadas: Cada Homem é Uma Raça (contos, 1990), Cronicando (crónicas, 1991), Estórias Abensonhadas (1994), A Varanda do Frangipani (1996), Vinte e Zinco (1999), Mar me quer (2000), O Último Voo do Flamingo (2000), Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra (2002), O Fio das Missangas (2004), Venenos de Deus, Remédios do Diabo (2008), Jesusalém (2009).

Ler Mia Couto é surpreender-se com as suas estórias, mas é, sobretudo, maravilhar-se com as palavras que (re)inventa e (re)constrói. Cada Homem é Uma Raça, Cronicando e A Varanda do Frangipani estão disponíveis na Biblioteca da escola.

«Até que um dia apareceu Anabela, anabelíssima. Era uma rebuçada, capaz de publicar desejos nos mais pacatos olhos. Anabela apaixonou-se por Benjamim. O pobre nem com isso: ao contrário, mais ainda se internava em habilidades de kongolote*. A menina enviou bilhetes, mensagens mais suspiradas que rabiscadas. Na presença dele, Anabela se desembrulhava.»

kongolote* - bicho de mil patas
(Excerto de ‘O ex-futuro padre e a sua pré-viúva’ uma das estórias de Cada Homem é Uma Raça).

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Jaime Bunda


Quando Jaime Bunda é incumbido de investigar um caso de violação e assassinato, está longe de imaginar que o curso da investigação o conduzirá a gente acima de qualquer suspeita…

«Jaime Bunda estava sentado na ampla sala destinada aos detectives. Havia três secretárias, onde outros tantos investigadores lutavam contra os computadores obsoletos. Havia também algumas cadeiras encostadas às paredes. Era numa destas, a última, que Jaime pousava a sua avantajada bunda, exagerada em relação ao corpo, característica física que lhe tinha dado o nome. O seu verdadeiro era comprido, unindo dois apelidos de famílias ilustres nos meios luandenses. Mas foi numa aula de educação física, mais propriamente de vólei, que surgiu a alcunha. Às tantas, o professor, irritado com a falta de jeito ou empenho do aluno, gritou:
-Jaime, salta. Salta com a bunda, porra!
A partir daí, ficou Jaime Bunda para toda a escola.»


Assim se inicia o romance de Pepetela Jaime Bunda, Agente Secreto, publicado em 2001. É uma obra com um enredo quase-policial, recheada de situações cómicas, por onde perpassa uma enorme ironia, às vezes amarga.

Artur Carlos Maurício Pestana, conhecido por Pepetela, nasceu na cidade de Benguela, Angola, em 1941. Frequentou a Universidade de Lisboa. Antes da Independência de Angola em 1975, foi guerrelheiro e exilado. Exerceu funções governamentais nos anos que se seguiram à independência. Vive actualmente em Luanda, onde se dedica à escrita e ao ensino - é professor de Sociologia na Faculdade de Arquitetura da Universidade Agostinho Neto.

Começou a escrever em 1969. É autor de várias obras, sobretudo romances, muitos dos quais traduzidos em diversas línguas. Várias vezes galardoado, foi-lhe atribuído, em 1997, o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa, pelo conjunto da sua obra.
Jaime Bunda, Agente Secreto (2001), Jaime Bunda e a Morte do Americano (2003), Predadores (2005), O Terrorista de Berkely, California (2007), O Quase Fim do Mundo (2008), O Planalto e a Estepe (2009) são os últimos romances que publicou.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O vendedor de passados


José Eduardo Agualusa nasceu na cidade do Huambo, em Angola, a 13 de Dezembro de 1960. Frequentou a nossa escola e os seus pais foram professores aqui. Estudou Agronomia e Sivicultura em Lisboa. É jornalista. É autor, entre vários outros, dos livros Estação das Chuvas (1997), Nação Crioula (1998), O Ano em Que Zumbi Tomou o Rio (2002), Catálogo de Sombras (2003), O Vendedor de Passados (2004), As Mulheres do Meu Pai (2007), Barroco Tropical (2009). Muitas das suas obras estão traduzidas para diversas línguas.

O Vendedor de Passados (The Book of Chamaleons, na versão em inglês) foi galardoado, em 2007, com o Independent Foreign Fiction Prize, prestigiado prémio promovido pelo diário britânico The independent em colaboração com o Conselho das Artes do Reino Unido.

«Félix Ventura escolheu um estranho ofício: vende passados falsos. Os seus clientes, prósperos empresários, políticos, generais, enfim, a emergente burguesia angolana, têm o futuro assegurado. Falta-lhes, porém, um bom passado. Félix fabrica-lhes uma genealogia de luxo, memórias felizes, consegue-lhes os retratos dos ancestrais ilustres. A vida corre-lhe bem. Uma noite entra-lhe em casa, em Luanda, um misterioso estrangeiro à procura de uma identidade angolana. E então, numa vertigem, o passado irrompe pelo presente e o impossível começa a acontecer. Sátira feroz, mas divertida e bem humorada, à actual sociedade angolana, O Vendedor de Passados é também (ou principalmente) uma reflexão sobre a construção da memória e os seus equívocos.»
(Contracapa da 3ª edição, Publicações Dom Quixote)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Os da minha rua


OS DA MINHA RUA - ONDJAKI

Ndalu de Almeida, popularmente conhecido por Ondjaki, nasceu em Luanda em 1977. Apesar de jovem, publicou já vários livros (contos, romances, poesia), alguns premiados, e está traduzido em diversas línguas.



OS DA MINHA RUA, publicado pela Caminho, e galardoado com o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco 2007, é um livro de estórias.
Essas estórias são pequenos contos, em linguagem cinematográfica, simples e coloquial, que nos remetem para a infância traquina e irreverente dos “da minha rua” / dos “da minha infância”.

«(…) vi, pela primeira vez na minha vida, esses caroços que eles chamavam de «tremoços». (…)
Disseram para eu provar, não gostei do sabor. Mas pelo formato, e também por causa da experiência que eu já tinha com as fisgas lá na minha rua de Luanda, vi que aquele tremoço dava masé para ser disparado só assim apertando com os dedos. Fui lá fora treinar na árvore e quando voltei à sala já tinha a pontaria bem afinada. A primeira vítima foi a minha irmã, a segunda foi uma velha que estava lá sentada e que era muda. Fiquei todo satisfeito porque pensei que ela não fosse me queixar. Mas era uma velha queixinhas e o meu pai pôs-me de castigo.»
(Do conto «A ida ao Namibe»)