quinta-feira, 25 de março de 2010

Os Anagramas de Varsóvia


Um excerto de Os Anagramas de Varsóvia de Richard Zimler. Ler para conhecer, e falar com o autor, na nossa escola, no dia 26 de Março às 10 horas, no ginásio. A sessão de autógrafos é na biblioteca, onde se encontram à venda alguns dos seus livros.

“No último sábado de Setembro de 1940, aluguei uma carroça puxada por um cavalo, com o respectivo cocheiro e dois homens pagos ao dia para me fazerem a mudança do meu andar junto ao rio para o apartamento de um quarto da minha sobrinha, situado num bairro judeu da cidade. Decidira sair de casa antes da criação oficial de um gueto, porque já nos fora proibido circular em grande parte da Varsóvia, e não precisava de uma bola de cristal para saber o que viria a seguir. Queria ser eu a estabelecer as condições do meu exílio - e poder escolher quem havia de ir para o meu andar. Já se tinha mudado para lá a filha de um cristão vizinho meu, estudante universitária, e o marido dela advogado.”

Zimler, Richard, Os Anagramas de Varsóvia

terça-feira, 16 de março de 2010

Para a Minha Irmã



JODI PICOULT, Para a Minha Irmã.

“ (…) eu nasci para um fim muito específico (…) Nasci porque um cientista conseguiu ligar os óvulos da minha mãe e os espermatozóides do meu pai para criar uma combinação específica de material genético precioso.(…)
A Kate tem leucemia promielocítica aguda. Na realidade, isso não é bem assim – neste momento ela não tem, mas está a hibernar debaixo da sua pele como um urso, até decidir rugir de novo. Foi diagnosticada quando ela tinha dois anos, agora tem dezasseis. Recaída molecular e granulócito e cateter de punção venosa – estas palavras fazem parte do meu vocabulário, embora nunca as venha a encontrar em nenhum exame de admissão à universidade. Eu sou uma dadora alogeneica – uma irmã totalmente compatível. Quando a Kate necessita de leucócitos, ou de células estaminais, ou de medula óssea para enganar o seu corpo, fazendo-o pensar que é saudável, eu forneço-os. Quase sempre que a Kate é hospitalizada eu acabo por ir para o hospital também.
(…)
Há demasiadas coisas para explicar – o meu próprio sangue a passar para as veias da minha irmã; (…) O facto de eu não estar doente, mas de ser como se estivesse. O facto de a única razão para eu ter nascido ser para servir de objecto de colheitas para a Kate. O facto de, agora mesmo, estar a ser tomada uma decisão importante sobre mim, e de ninguém se ter dado ao trabalho de perguntar à pessoa que mais merecia qual era a sua opinião.
Há demasiadas coisas para explicar, e por isso faço o melhor que posso.
- Não é Deus. São só os meus pais – digo eu. – Quero processá-los pelo direito ao meu próprio corpo.
(…)
A minha irmã está a morrer, e a minha mãe quer que eu lhe doe um dos meus rins.(…)
– Ninguém a pode obrigar a doar um órgão se não quiser.
- Ah, a sério? (…)”
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Em, Para a Minha Irmã levantam-se questões muito complexas entre o legal e o ético: tem Anna, a irmã de Kate, o dever de arriscar a própria vida para salvar a irmã? Têm, os pais, o direito de tomar decisões no lugar de Anna?
No decorrer da narrativa, as personagens apresentam os seus pontos de vista, mostram os seus conflitos e justificam as suas escolhas.
É um livro excelente, que nos faz viver questões éticas e morais muito delicadas, implicando as nossas próprias escolhas.