sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Jaime Bunda


Quando Jaime Bunda é incumbido de investigar um caso de violação e assassinato, está longe de imaginar que o curso da investigação o conduzirá a gente acima de qualquer suspeita…

«Jaime Bunda estava sentado na ampla sala destinada aos detectives. Havia três secretárias, onde outros tantos investigadores lutavam contra os computadores obsoletos. Havia também algumas cadeiras encostadas às paredes. Era numa destas, a última, que Jaime pousava a sua avantajada bunda, exagerada em relação ao corpo, característica física que lhe tinha dado o nome. O seu verdadeiro era comprido, unindo dois apelidos de famílias ilustres nos meios luandenses. Mas foi numa aula de educação física, mais propriamente de vólei, que surgiu a alcunha. Às tantas, o professor, irritado com a falta de jeito ou empenho do aluno, gritou:
-Jaime, salta. Salta com a bunda, porra!
A partir daí, ficou Jaime Bunda para toda a escola.»


Assim se inicia o romance de Pepetela Jaime Bunda, Agente Secreto, publicado em 2001. É uma obra com um enredo quase-policial, recheada de situações cómicas, por onde perpassa uma enorme ironia, às vezes amarga.

Artur Carlos Maurício Pestana, conhecido por Pepetela, nasceu na cidade de Benguela, Angola, em 1941. Frequentou a Universidade de Lisboa. Antes da Independência de Angola em 1975, foi guerrelheiro e exilado. Exerceu funções governamentais nos anos que se seguiram à independência. Vive actualmente em Luanda, onde se dedica à escrita e ao ensino - é professor de Sociologia na Faculdade de Arquitetura da Universidade Agostinho Neto.

Começou a escrever em 1969. É autor de várias obras, sobretudo romances, muitos dos quais traduzidos em diversas línguas. Várias vezes galardoado, foi-lhe atribuído, em 1997, o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa, pelo conjunto da sua obra.
Jaime Bunda, Agente Secreto (2001), Jaime Bunda e a Morte do Americano (2003), Predadores (2005), O Terrorista de Berkely, California (2007), O Quase Fim do Mundo (2008), O Planalto e a Estepe (2009) são os últimos romances que publicou.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O vendedor de passados


José Eduardo Agualusa nasceu na cidade do Huambo, em Angola, a 13 de Dezembro de 1960. Frequentou a nossa escola e os seus pais foram professores aqui. Estudou Agronomia e Sivicultura em Lisboa. É jornalista. É autor, entre vários outros, dos livros Estação das Chuvas (1997), Nação Crioula (1998), O Ano em Que Zumbi Tomou o Rio (2002), Catálogo de Sombras (2003), O Vendedor de Passados (2004), As Mulheres do Meu Pai (2007), Barroco Tropical (2009). Muitas das suas obras estão traduzidas para diversas línguas.

O Vendedor de Passados (The Book of Chamaleons, na versão em inglês) foi galardoado, em 2007, com o Independent Foreign Fiction Prize, prestigiado prémio promovido pelo diário britânico The independent em colaboração com o Conselho das Artes do Reino Unido.

«Félix Ventura escolheu um estranho ofício: vende passados falsos. Os seus clientes, prósperos empresários, políticos, generais, enfim, a emergente burguesia angolana, têm o futuro assegurado. Falta-lhes, porém, um bom passado. Félix fabrica-lhes uma genealogia de luxo, memórias felizes, consegue-lhes os retratos dos ancestrais ilustres. A vida corre-lhe bem. Uma noite entra-lhe em casa, em Luanda, um misterioso estrangeiro à procura de uma identidade angolana. E então, numa vertigem, o passado irrompe pelo presente e o impossível começa a acontecer. Sátira feroz, mas divertida e bem humorada, à actual sociedade angolana, O Vendedor de Passados é também (ou principalmente) uma reflexão sobre a construção da memória e os seus equívocos.»
(Contracapa da 3ª edição, Publicações Dom Quixote)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Os da minha rua


OS DA MINHA RUA - ONDJAKI

Ndalu de Almeida, popularmente conhecido por Ondjaki, nasceu em Luanda em 1977. Apesar de jovem, publicou já vários livros (contos, romances, poesia), alguns premiados, e está traduzido em diversas línguas.



OS DA MINHA RUA, publicado pela Caminho, e galardoado com o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco 2007, é um livro de estórias.
Essas estórias são pequenos contos, em linguagem cinematográfica, simples e coloquial, que nos remetem para a infância traquina e irreverente dos “da minha rua” / dos “da minha infância”.

«(…) vi, pela primeira vez na minha vida, esses caroços que eles chamavam de «tremoços». (…)
Disseram para eu provar, não gostei do sabor. Mas pelo formato, e também por causa da experiência que eu já tinha com as fisgas lá na minha rua de Luanda, vi que aquele tremoço dava masé para ser disparado só assim apertando com os dedos. Fui lá fora treinar na árvore e quando voltei à sala já tinha a pontaria bem afinada. A primeira vítima foi a minha irmã, a segunda foi uma velha que estava lá sentada e que era muda. Fiquei todo satisfeito porque pensei que ela não fosse me queixar. Mas era uma velha queixinhas e o meu pai pôs-me de castigo.»
(Do conto «A ida ao Namibe»)

sábado, 9 de janeiro de 2010

O que Sócrates diria a Woody Allen


Cinema e Filosofia



Juan Antonio Rivera, professor catedrático de Filosofia na Universidade de Barcelona, faz-nos o convite, neste livro, de explorar filosoficamente o cinema. Como é referido na contra-capa: “ Se gosta de cinema e está interessado em aprender algumas coisas fundamentais sobre filosofia, então este livro é para si! (…) Esta combinação de imagens de filmes e pensamento filosófico ajuda a entender melhor a filosofia e a gostar mais de cinema.”
E ainda, diz o autor: ”Escrevi este livro como uma introdução à filosofia para amantes de cinema e, simultaneamente, uma introdução ao cinema para amantes de filosofia (filofilósofos).”
Nesta obra são abordadas questões psicológicas e morais da vida real, primorosamente tratadas em alguns filmes, cujo interesse filosófico é, por isso, relevante.

domingo, 3 de janeiro de 2010

No teu deserto




"Às vezes, lá onde moro, fico à noite a olhar as estrelas como as do deserto e oiço o tempo a passar, mas não me angustia mais: eu sei que é justo e tudo o resto é falso."

"No teu deserto", este "quase romance" de Miguel de Sousa Tavares, relata de forma leve e intimista uma viagem ao deserto na companhia de Cláudia, uma jovem praticamente desconhecida que acompanha o autor ao longo de sofridos caminhos de areia e pó, e o contagia com a sua juventude, o seu riso ou a "fugaz tristeza que às vezes lhe corria nos olhos".