terça-feira, 9 de novembro de 2010

O Grande Gatsby

Alguém disse que este livro era «um quase romance perfeito». Se o não é, é porque é feito de massa humana e é sabido por todos, que os Homens são apenas isso, humanos, e que a perfeição e a excelência não estão ao alcance de quem morre muitas vezes ao longo de uma só vida.
Esta obra dá-nos um retrato de uma América que se olha ao espelho depois da I Grande Guerra. Está-se nos anos vinte e tudo parece viver aos pares perante um espelho, só que uma parte do espelho parece reflectir o oposto da outra. Temos duas personagens principais, um homem (Gatsby) que adora uma mulher (Daisy), esta, por seu turno, ama mais o dinheiro do que o Amor, por isso casa com Tom Buchanan. Temos festas cheias de glamour que arrancam risos e temos dores íntimas, medos, inseguranças, desesperanças que arrancam lágrimas ácidas. Temos a riqueza e o luxo a chocarem com uma época que prenuncia a Depressão que se há-de abater por sobre todo esta luxo dourado. Temos a moral do Amor (Gatsby vai enriquecer para atrair Daisy) e a falta de moral geral porque este é um livro que explora essa terra de ninguém que são as épocas de crise, épocas em que os valores tendem a desaparecer para dar lugar a um intenso «vale tudo» em que a moral desiste e impera uma atroz indiferença.
Este é um livro de jazz, a música que toca rasga a meio quem lê o livro. Porque aqui tudo é feito de metades e hoje mesmo, em que se vivem dias difíceis e a crise está aí, também nos vemos ao espelho como se uma metade fosse o inverso da outra e, também nós, não sabemos que moral nos habita. Por isso, ontem e hoje, o jazz é de um glamour tão intenso e pungente que nem as lágrimas são capazes de traduzir o desamparo de existir partido dentro de um espelho.



Fátima Lopes
Projecto K.LEIO
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DESAFIO
Cria um título alternativo para esta obra. Deixa as tuas propostas nos comentários. Premiaremos a melhor.
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2 comentários:

  1. O realizador de "Australia" e "Moulin Rouge", Baz Luhrmann, está a preparar uma nova adaptação cinematográfica desta obra. Para o papel de Daisy Buchanan foi escolhida a actriz Carey Mulligan. Para o papel de Jay Gatsby, fala-se em Leonardo di Caprio. Os protagonistas na versão de 1974 foram Mia Farrow e Robert Redford.

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