A quinta edição
o Prémio Leya foi pela segunda vez para um autor português:
Nuno Camarneiro, de 35 anos, vence com Debaixo de Algum Céu . Um romance
que, segundo o autor, é uma "exploração da ideia de purgatório"
A obra vencedora
deverá ser publicada em Março e foi escolhida “por maioria” por um júri
presidido por Manuel Alegre e constituído ainda pelos escritores Nuno Júdice,
Pepetela e José Castello, por José Carlos Seabra Pereira, professor da
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Lourenço do Rosário, reitor do
Instituto Superior Politécnico e Universitário de Maputo, e Rita Chaves,
crítica literária e professora da Universidade de São Paulo.
O júri
"apreciou no romance Debaixo de Algum Céu a qualidade literária com que,
delimitando intensivamente a figura fulcral do 'romance de espaço' e do
'romance urbano', faz de um prédio de apartamentos à beira-mar o tecido
conjuntivo da vida quotidiana de várias personagens - saídas da gente comum da
nossa atualidade, mas também por isso carregadas de potencial
significativo".
O romance,
continua o júri, que é um "retrato de uma microssociedade unida pelo
espaço em que vivem os personagens", organiza-se a partir de um conjunto
de vozes que dão conta de vidas e destinos que o acaso cruzou num período de
tempo delimitado entre um Natal e um Fim do Ano".
Além
de escritor, Camarneiro, que nasceu na Figueira da Foz, é investigador e
professor. Foi membro do GEFAC (Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de
Coimbra) e do grupo musical Diabo a Sete, tendo ainda integrado a companhia
teatral Bonifrates. Trabalhou no CERN (Organização Europeia para a Investigação
Nuclear) em Genebra e concluiu o doutoramento em Ciência Aplicada ao Património
Cultural em Florença.
Em
2010 regressou a Portugal, sendo atualmente investigador na Universidade de
Aveiro e professor do curso de Restauro na Universidade Portucalense do Porto.
Começou por se dedicar à micronarrativa, tendo alguns dos seus contos sido
publicados em coletâneas e revistas. No Meu Peito não Cabem Pássaros foi a sua estreia no
romance. O júri diz ainda que a escrita "é precisa e flui sem ceder à
facilidade, mas refletindo a consciência de um jogo entre o desejo de chegar ao
seu destinatário, o leitor, e um recurso mínimo a artifícios retóricos em que
só uma sensibilidade poética eleva e salva a banalidade e os limites do
quotidiano".
In Público, 17/12/2012
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