Texto poético vencedor do Concurso Histórias da Pandemia
TEMPOS DESVENTURADOS
Vivemos numa constante certeza
Intemporalmente adquirida
De que a liberdade é garantida.
Porém, desta vez foi a Natureza
A grande prova (que nos pôs à prova)
De que a vida é o imprevisível,
A imparcialidade da dubiedade,
A frágil resistência ao dia do amanhã,
A firmeza que despreza a felicidade e
A comodidade permanente, imarcescível.
Já Camões, com todas as razões imagináveis,
Aclarava nos seus versos memoráveis
Que “o bicho da terra tão pequeno”
Não se encontra pleno, nunca sereno.
Esse bicho agora submisso a um outro que,
Ironia do destino (ou talvez não)
Ainda é mais diminuto.
Aclarava nos seus versos memoráveis
Que “o bicho da terra tão pequeno”
Não se encontra pleno, nunca sereno.
Esse bicho agora submisso a um outro que,
Ironia do destino (ou talvez não)
Ainda é mais diminuto.
Este caçador selvagem não escolhe as suas presas…
À mínima alteração do nosso estado normal,
Inevitável é achar que fomos por ele capturados,
Nosomaníacos, pressionados numa loucura
Necessária para o evitarmos ao máximo.
Quase que como se num aceno
Nos despedimos da rotina de outrora.
Pobres, encurralados!
Obrigados a “ostentar” uma máscara
Perseguidos pelo fantasma do receio
De adoecer, despedaçarem-se corações.
Famílias que ouvirão os sinos badalar
Mais cedo do que poderiam pensar,
Fruto da falência corporal dos seus.
Ó apanágios oportunos para a desgraça da sociedade!
Vogamos agora por tempos duvidosos num lábil escaler
Desconhecido, talvez prestes a se afundar.
Como saber? Como agir? Em que acreditar?
À mínima alteração do nosso estado normal,
Inevitável é achar que fomos por ele capturados,
Nosomaníacos, pressionados numa loucura
Necessária para o evitarmos ao máximo.
Quase que como se num aceno
Nos despedimos da rotina de outrora.
Pobres, encurralados!
Obrigados a “ostentar” uma máscara
Perseguidos pelo fantasma do receio
De adoecer, despedaçarem-se corações.
Famílias que ouvirão os sinos badalar
Mais cedo do que poderiam pensar,
Fruto da falência corporal dos seus.
Ó apanágios oportunos para a desgraça da sociedade!
Vogamos agora por tempos duvidosos num lábil escaler
Desconhecido, talvez prestes a se afundar.
Como saber? Como agir? Em que acreditar?
A oficina do saber científico tenta,
Por vezes em vão, obter informação
Para remediar este inferno que é já
Conhecimento e não apenas uma crença.
Onde está o céu quando precisamos dele?
Quão pérfida e perversa é a vida?
Por vezes em vão, obter informação
Para remediar este inferno que é já
Conhecimento e não apenas uma crença.
Onde está o céu quando precisamos dele?
Quão pérfida e perversa é a vida?
Raquel Soares, 11º K
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