"A Odisseia de Sebastião" foi um dos textos vencedores do Concurso de Escrita Era uma Vez..., dinamizado pela biblioteca escolar no âmbito da comemoração do Mês Internacional das Bibliotecas Escolares. É um conto da autoria do Tomás Pinto no 10º A.
Era uma vez um navegador chamado Sebastião, descendente de uma linhagem de homens do mar. Muitos diziam que o facto da sua mãe o ter dado à luz durante uma terrível tempestade fortaleceu o rapaz com o poder dos deuses. De facto, a criança não temia as águas como as outras, passando a maioria do seu tempo a observar os navios e marinheiros no porto da cidade.Sebastião era curioso, procurava sempre saber mais sobre o mundo que o rodeava, e frequentemente questionava os seus mentores sobre temas que nem mesmo estes tinham resposta. Uma das suas dúvidas era o porquê de existir um fim no oceano que abrigaria os mais diversos monstros marinhos. Para ele, esta ideia era absurda, por isso dedicou a sua vida a provar o contrário.
Aos dezasseis anos, foi admitido como remador na tripulação do seu tio Capitão Albernaz, que conhecia os sete mares como a palma da sua mão, de quem herdou todos os seus conhecimentos marítimos, participando em várias viagens por todo o mundo.
Com a passagem do seu tio para o mundo das almas, herdou a sua frota o que lhe permitiu realizar a jornada que sempre sonhou. Começaram, então, os preparativos para esta travessia do fim do mar que seria a viagem mais aguardada de todos os tempos.
Nunca havia sido sequer imaginado algo dessa magnitude, portanto o dia da despedida reuniu uma imensa multidão, entre familiares e amigos que podiam nunca mais ver os seus navegadores. Apesar dos pedidos para ficarem, a tripulação não olhou para trás, embarcou e desapareceu no horizonte.
Durante os primeiros dias, o clima dentro dos navios era de festa, porém, na quinta noite, um temporal intimidador, fez com que o medo tomasse conta do ambiente, provocando completo caos. No meio de tanta desordem, marinheiros e navios inteiros foram engolidos pelas poderosas ondas, deixando poucos para contar a história. Entre eles encontrava-se Sebastião que, apesar de toda a devastação, defendeu que seria injusto para os que sacrificaram a vida se parassem tão cedo, prosseguindo-se com a missão.
Do Olimpo, observavam os deuses. Entre eles, Poseidon, rei dos mares, que preparava as procelas marinhas juntamente com Éolo, guardião dos ventos, para impedir os barcos de atingirem o seu território. Surpreendidos pela determinação dos marujos, adiaram a próxima tormenta e reuniram-se com o rei do Olimpo, Zeus, informando-o do ocorrido. Este ficou perplexo por alguém ter conseguido chegar tão longe e ordenou a presença de Sebastião.
Acima das nuvens, o capitão deparou-se com um imenso banquete, mas apenas dois lugares, um já ocupado por Zeus, que o convidou a sentar-se e a saborear a comida. Apesar de algum receio, fez o que lhe foi pedido. O deus dos deuses foi direto ao assunto, questionando o propósito de tal viagem, o navegador assumiu que procurava desmistificar as ideias sobre os limites do oceano e que pretendia ir mais além. Com uma gargalhada, Zeus declarou que transcender a fronteira marinha seria impossível para um mero mortal, mas que respeitava a sua bravura.
Prosseguiu com uma proposta a Sebastião: o homem e sua tripulação teriam que enfrentar uma besta aquática. Se vencessem, poderiam regressar a casa e a borda do mar seria aumentada, revelando novas terras. No entanto, se fracassassem, as suas almas seriam entregues ao rei do submundo, Hades, e a sua terra natal seria inundada. Mesmo com alguma apreensão, o comandante encarou o desafio.
O seu inimigo seria Caríbdis, um monstro de voracidade extrema que era capaz de provocar turbilhões colossais apenas com o seu movimento, protetor da passagem oceânica para o território divino. As suas capacidades eram lendárias.
Ao amanhecer, deu-se início ao confronto, que foi presenciado por todo o Olimpo. Rapidamente, o bicho investiu contra a frota, mas a agilidade dos marujos permitiu-lhes desviar o ataque. Sebastião percebeu, então, que a única possibilidade de vencerem a criatura seria se todas as embarcações navegassem diretamente para a sua boca, provocando a sua sufocação.
O capitão ordenou o avanço dos navios em direção à besta que não se intimidou pelo ataque, expandindo a mandíbula para os devorar numa dentada só, contudo não foi capaz de o fazer. Por mais que Caríbdis se revirasse e tentasse expelir os barcos, a sua sorte era inevitável, acabando por ser derrotada.
Na praia, todos celebraram a vitória dos mortais, exceto Zeus e Hades que ficaram desiludidos pela má prestação do monstro. Os marinheiros, eufóricos, comemoraram também a sua incrível façanha, ansiosos pelo regresso a casa e o reencontro com as suas famílias, que viria a acontecer uns dias mais tarde.
Sebastião e toda a tripulação, passaram a ser venerados como heróis em toda a parte. No final, a coragem e persistência de um homem que sempre defendeu aquilo em que acreditava foi o suficiente para que este ultrapassasse algo que à primeira vista seria impossível, vivendo uma fabulosa odisseia que dificilmente será esquecida, entre deuses e mortais.
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