segunda-feira, 27 de maio de 2019

Capitães da areia, uma viagem pela realidade

Apreciação crítica produzida no âmbito do projeto aLer+ - Ler para Ser Maior
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A obra “Capitães da Areia” de Jorge Amado, um escritor brasileiro reconhecido em todo o mundo, decorre na década de 1930, na cidade de Salvador da Bahia.
O romance baseia-se num grupo de crianças abandonadas – a maioria órfãs – que são conhecidas como “Capitães da Areia” e cujo líder é Pedro Bala. Os miúdos Vivem escondidos num local chamado de “Trapiche” e poucos são os que sabem da sua existência. Para sobreviverem, dedicam-se à prática de furtos muito bem planeados, graças à excelente equipa composta por várias personagens que vamos conhecendo ao longo da obra: o Professor, um menino sábio que sabe ler e tem bastante jeito para o desenho; o Pirulito, que deposita toda a sua a fé na obra de Deus; o Boa Vida, com queda para a música; o João Grande, o protetor do grupo; o Sem Pernas, o mais amargurado do grupo que, sendo cocho, desencanta piedade nas pessoas para, depois, com a ajuda do grupo, as poder roubar; e o Gato, o mulherengo que, mesmo levando vida de pobre, se veste como um rico.
Todas estas crianças e os seus companheiros do Trapiche partilham a mesma liberdade, mas também a pobreza em que vivem e um ódio para com o mundo, devido à falta de afeto e de justiça.
O leitor, ao longo da obra, vai ficando sensibilizado acabando por lhes dar razão, perdoando as atitudes das crianças, pois embora o que elas fazem não seja correto e até ilegal, a necessidade de justiça e o desejo de os ajudar sobrepõem-se a tudo. Da mesma forma, consciencializamo-nos de que isto não é fictício, mas sim pura realidade – tanto as duras condições de vida destas crianças da rua como dos reformatórios e orfanatos – o que nos faz refletir sobre as diferenças de classes que acabam por ser ignoradas por uma sociedade que vai perdendo, aos poucos, a força de mudar algo que não controla. Contudo, estes meninos não desistem e lutam pelo que merecem, alimentando, assim, cada vez mais, o afeto que temos por eles.
Recomendo vivamente a leitura desta obra, não só pela forma ternurenta e marcante com que o escritor nos descreve cada momento, levando-nos ao encontro das suas personagens, mas também porque é importante sabermos que existem situações e inúmeras histórias como estas em todo o mundo.
“Companheiros, vamos pra luta!…”

Joana de Castro Pereira Bezerra, 10ºG

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