A Maria Inês Dias foi vencedora da 11ª edição do Prémio António Manuel Couto Viana, na modalidade de poesia, com o poema:
Canto Quinto e Meio
Tu, oh titã rochoso,
Protetor das águas do
fim do mundo.
Força intransponível
Que se impõe no caminho
glorioso
Da vontade de el-rei
D.João II
Sofres da mais humana
das doenças:
A infeção da alma
Que sentir o amor
demanda.
Encarcerado nessas
paredes imensas
Choras porque ainda a
amas.
Gigante, torna-te
marinheiro
Desta maravilhosa
frota;
Deste povo que quer
fugir da derrota
Que é jazer na memória
do mundo
Como nevoeiro.
Utiliza a dor que
carregas
Para quebrar essas
correntes de rocha e amargura.
E ajuda este povo que
renegas,
Capaz de gravar o teu
nome
Na épica escritura.
Com sal das tuas
lágrimas,
Salga os nossos
alimentos.
Com a tua ira
tempestuosa,
Atiça o coração dos
moribundos.
Do desassossego cria
maravilhas.
Usa a dor como impulso
para a glória.
A alma degredada,
Triste e atormentada
Como prego.
E o corpo flagelado
(Lousa em pele da nossa
história)
Como martelo
Para pregares os
caixões dos nossos inimigos.
Marinheiro de águas
infernais,
O povo português sente
a tua angústia.
E sendo mais do leme
aqui do que eu,
Suplicamos-te, com a
maior das bravuras e simpatia
Que Deus nos concedeu:
Abre os portões
marítimos do Índico,
Deixando-nos passar.
E gravo aqui, através
desta espada
E do sangue que por ela
escorre,
Que te tornarás
No mais elevado símbolo
de esperança
Da nação de Portugal.
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